sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Norma culta

Em relação aos níveis da fala, existe uma marcante divisão: língua culta x popular.
A língua culta é a prestigiada, sendo usada pelas elites sociais; é a padrão oficial, ensinada na escola e estabelece critérios de "certo" e "errado"

As características da língua popular variam de acordo com os tipos sociais e as regiões do país.

Gírias:
Próprias de alguns grupos sociais ou profissões, que utilizam vocabulário próprio e geralmente tem a finalidade de não serem entendidas por pessoas que não pertecencem ao seu grupo.


Calão:
Trata-se de uma linguagem grosseira e às vezes obscena.



Coesão e Coerência

Coerência
Pode ser considerada a possibilidade de atribuir uma continuidade de sentidos a um texto.
Estabelece-se na interlocução e depende de uma multiplicidade de fatores que não está apenas e exclusivamente no texto, pois o conhecimento de mundo e as experiências prévias das pessoas que o interpretam são alguns desses fatores. Portanto, diferentes leitores, com diferentes informações prévias, com diferentes visões de mundo, podem atribuir níveis de coerência diferentes ao mesmo texto.

Coesão 
A coesão textual é responsável pela ligação das idéias nos textos. Termos linguístico que orientam como as informações devem ser organizadas são os elos ou laços coesivos, que compõem as cadeias coesivas.
Juntamente com a coerência, a coesão é a responsável por manter a continuidade significativa do texto; é por causa delas - da coesão e da coerência - que um texto pode ser definido como uma unidade de sentido.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Fala x Escrita


Em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro, fala e escrita são modalidades diferentes. A língua falada é espontânea, redundante, pouco elaborada, acompanhada de entonação que dispensa diversos elementos mais explicativos. Já a língua escrita é condensada, mais elaborada e estruturada, com uma necessidade de explicação mais rígida. 

Aqui no Brasil, falamos a língua portuguesa, mas existem diferentes usos devido a fatores regionais, culturais, profissionais, naturais, etc.
"Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê."

(Jô Soares)

Gêneros Textuais


Refere-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, narrativa ,etc.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.
Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o e mail, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.

Carta (Comercial, Pessoal, Eletrônica)

Bula de remédio



Bilhete

Receitas

Tirinhas


Email 
 



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Denotação e Conotação

Denotação
Uma palavra ou enunciado tem valor denotativo quando se apresenta em seu sentido literal, ou seja, aquele que corresponde à primeira significação atribuída às palavras nos dicionários da língua.




Conotação
Uma palavra ou enunciado tem valor conotativo ou afetivo quando seu sentido não é tomado literalmente, mas é ampliado e modificado, com o objetivo de provocar um efeito particular, em um contexto específico de interlocução.



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Figuras de Linguagem

1. Polissíndeto / Assíndeto
  • Polissíndeto: Repetição das conjunções coordenativas:

"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac - Abyssus)
  • Assíndeto: Ausência das coordenativas, tendo um período composto por orações coordenadas assindéticas:

Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
 “Vim, vi, venci.” (Júlio César)

2. Anacoluto
Quebra da estrutura lógica.
“E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos”. (Rachel de Queiroz)
 3. Hipérbato
Inversão da estrutura da frase.
"Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza"
(José Honório Duque - Hino Nacional Brasileiro)

4. Eufemismo Expressa de forma suave alguma ideia de forma desagradável
5. Pleonasmo
É uma redundância (proposital ou não) numa expressão, enfatizando-a.
6. Zeugma 
Omissão de um termo já mencionado.
  6. Sinestesia
Ocorre pela associação, em uma mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
"Ouça alto, veja colorido"
 7. Comparação
Trata-se da aproximação de elementos de universos diferentes, associados por meio de um conectivo
“O amor é como um raio galopando em desafio” (Djavan - Faltando um Pedaço)
 8.  Anáfora
Consiste da repetição de uma ou mais palavras no início de vários versos.
 “Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só." (Rocha Lima) 

 9. Ironia
Consiste em dizer o contrário do que se está pensando ou em satirizar, questionar certos tipos de comportamento com a intenção de ridicularizar.

10. Hipérbole É um emprego proposital de uma expressão exagerada.


11. Prosopopeia ou Personificação Consiste em atribuir vida ou qualidades humanas a seres inanimados, irracionais, mortos.
 

12. Iteração ou Repetição É a repetição de um termo como recurso estilístico. Distingui-se do Polissíndeto por ser a reiteração de qualquer palavra e não apenas da conjunção coordenativa.

“João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história”
(Carlos Drummond de Andrade – Quadrilha)
 13. Antítese
Evidencia a oposição entre duas ou mais idéias.
“Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês”
(Caetano Veloso - O Quereres)
 14. Catacrese
Quando uma palavra é usada em sentido impróprio por falta de outra mais específica. Baseia-se na semelhança de forma ou função de duas idéias.
"asa da xícara"            "batata da perna"
"maçã do rosto"          " da mesa"
"braço da cadeira"      "coroa do abacaxi"


15. Gradação Uma sequência de idéias em ordem crescente ou decrescente. Quando em ordem crescente temos o clímax, e quando em decrescente anticlímax.
Crescente:
"De seu calmo esconderijo, o ouro vem, dócil e ingênuo; torna-se pó, folha, barra, prestígio, poder, engenho... É tão claro! - e turva tudo: honra, amor e pensamento.” (Cecília Meireles - Romance II ou do ouro incansável)

Decrescente
"Oh. não aguardes que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.” (Gregório de Matos - 1º Soneto a Maria dos Povos)
 16. Metáfora
É uma comparação sem o elemento de ligação entre os termos que estão sendo comparados. Existem dois tipos de metáfora:

a) os dois termos relacionados aparecem na frase:
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira - O Bicho)
 b) A metáfora só aparece no segundo termo:

17. Metonímia
É a substituição de um termo por outro estabelecendo uma relação lógica de sentido. Substituições que podem originar metonímia:

a) Marca pelo produto
 

b) O conteúdo pelo continente
Tomei uma latinha de guaraná
18. Aliteração
Repetição de fonemas idênticos ou parecidos em palavras, em verso ou frase.
“Será que a morena cochila escutando o cochicho do chocalho
Será que desperta gingando e já sai chocalhando pro trabalho” (Chico Buarque - Morena de Angola)
 19. Elipse
Omissão de um termo da frase facilmente identificável por elementos gramaticais ou pelo contexto. 
"No mar, tanta tormenta e tanto dano." (Camões - Os Lusíadas)

Vícios de Linguagem

1. Barbarismo
Desvio em relação à palavra. Ocorre na escrita ou pronuncia fora da norma culta. Existem 5 tipos de barbarismo:

a) Pronúncia.
Nois- Deveria ser "nós".
Rádia - Deveria se "rádio". 
b) Grafia.

c) Morfologia.
Cidadões - Deveria ser "cidadãos".
Proporam - Deveria  ser "Propuseram". 
d) Semântica.
Cumprimento (saudação) no sentido de medida de extensão (comprimento). 
e) Estrangeirismo.

2. Solecismo
Desvio em relação à sintaxe. Existem 3 tipos:
a) De concordância.
Haviam pessoas- Deveria ser "havia".
Nós vai de ônibus- Deveria ser "vamos".
b) De regência.
Vou no banheiro- Deveria ser "ao".
Sentaremos na mesa- Deveria ser "à mesa".
c) De colocação.
Não espere-me- Deveria ser "me espere".
Maria avisou-me- Deveria ser "me avisou".

3. Cacofonia 
É a produção de som desagradável devido a junção silábica de palavras próximas.



4. Ambiguidade
É a possibilidade da frase de expressar mais de um sentido.

5. Neologismo 
Criação desnecessária de novas palavras.
Ele continua imexível.
6. Eco
Uso de palavras com terminação igual, gerando dissonância.
Ela já não sente tantas dores frequentes como antigamente.
7. Arcaísmo
Uso de palavras que já entraram em desuso.
Vim dar um bom dia à vossa mercê.
8. Plebeísmo
Uso de palavras de baixo calão e gírias, termos de vocabulário informal.
Colé, maluco, tá ligado nas paradas?
9. Preciosismo
Uso de palavras rebuscadas exageradamente, prejudicando a clareza.



Tipos textuais

A classificação de textos por tipos relaciona-se com a natureza linguística que os mesmos expressam. Classificam-se em:

1. Narrativo
Sucessão de fatos ligados a um acontecimento, real ou fictício, possui narrador, personagens, discurso, tempo e espaço.


2. Descritivo
Descrição minuciosa de alguma pessoa, objeto, animal ou lugar. Usa figuras de linguagem como a metáfora, prosopopeia, sinestesia, entre outras. Emprego de frases nominais. Existem dois tipos de descrição:

a) Objetiva: é uma fiel reprodução da realidade. Busca exatidão, sem sentimentalismos.

b) Subjetiva: o texto procura sensibilizar o leitor através da percepção. O texto fica mais poético.
A Hora da Estrela
(Clarisse Lispector)
A moça tinha ombros curvos como os de uma cerzideira. Aprendera em pequena a cerzir. Ela se realizaria muito mais se se desse ao delicado labor de restaurar fios, quem sabe se de seda. Ou de luxo: cetim bem brilhoso, um beijo de almas. Cerzideirinha mosquito. Carregar em costas de formiga um grão de açúcar. Era ela de leve como uma idiota, só que não o era. Não sabia que era infeliz. É porque ela acreditava. Em quê? Em vós, mas não é preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa - basta acreditar. Isso lhe dava às vezes estado de graça. Nunca perdera a fé.
3. Dissertativo
Exposição de ideias, uso de argumentos lógicos e convincentes sobre algum assunto.
Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos, que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente "sérios" , o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina.
(Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de Português)
4. Injuntivo
É usado sempre que empregamos um chamamento ou uma instrução, oral ou escrita. O objetivo do tipo injuntivo é levar o interlocutor a fazer alguma coisa.